Pesquisa sobre os Evangélicos e a Política

Ainda não há um método claro de trabalho de base com os evangélicos, e há muito chão pela frente para chegarmos até lá.

 

Por Márcia Silva*

 

Saúdo a todas aquelas e aqueles que contribuíram na construção dessa sistematização, em especial Angelica, Delana, Tobias e Osvaldo.

 

Este escrito é fruto de uma experiência coletiva a partir do Grupo de Trabalho de Espiritualidade da “Campanha de Solidariedade Nós por Nós contra o Coronavírus – Periferia Viva DF (Distrito Federal)”. Produto de leituras, reuniões, partilhas, provocações, afetos e companheirismo, é parte de um processo de sistematização de experiência com companheiros e companheiras evangélicas no DF, e surge no âmbito de contribuir e também provocar a continuidade desse rico (e desafiador) trabalho Brasil afora.

O texto em questão é compreendido enquanto partilha, possui várias mãos e palavras, de diferentes sujeitos. Na busca de uma narrativa fluida que transpasse essa diversidade de reflexões e contribuições, é importante que se trilhe um caminho. O caminho escolhido foi a tentativa de responder, a partir das experiências vividas, as seguintes inquietações: Como surgiu a ideia do GT? Qual a demanda que tentamos responder? Com quem trabalhamos? Como se deu o acompanhamento? Tais questões são colocadas por nós, no Distrito Federal, e também por companheiras que acompanharam/acompanham o germinar deste trabalho.

Todas essas inquietações foram tecidas na materialidade do tempo e espaço que se iniciam em meados de 2015/2016 a partir da construção de núcleos regionais da Frente Brasil Popular (FBP). Neste período organizamos, em Samambaia (DF), um núcleo de trabalho que contou com a participação de companheiros/as do PT (Partido dos Trabalhadores), católicos progressistas e que já tinham uma trajetória de ações que uniam espiritualidade e organização popular; uma destas ações era a construção da Via Sacra do Jesus Negro. Naquele momento, a ideia não era uma atuação com a espiritualidade e sim constituir uma ferramenta territorial que pudesse, ao mesmo tempo, agregar-se às organizações progressistas de Samambaia, dos mais diversos setores, e avançar no trabalho de base urbano. Mesmo assim, a espiritualidade atravessava o grupo: nas místicas, no compartilhamento de experiências passadas – que eram utilizadas como farol para as novas ações do núcleo – , e também no próprio cotidiano, em que a cosmologia de uma espiritualidade progressista podia ser identificada por todos os lados, nos gestos, palavras e análises.

Em 2017 avançamos alguns passos e formamos o grupo “Tecendo Espiritualidades Libertadoras – TEL”, que contava com a participação de pessoas católicas, espíritas e evangélicas. Houve alguns encontros e a participação de um grupo católico vinculado à Teologia da Libertação, o MAC (Movimento de Adolescentes e Crianças), que replicou a metodologia em Águas Lindas (GO). A principal proposta do TEL era a de criar um espaço para que pessoas progressistas de diversas religiões pudessem trocar experiências sobre os trabalhos já realizados e também planejar ações conjuntas. Talvez pela abrangência territorial com que o grupo era composto, só conseguimos em parte dar conta da troca de experiências. Foi em Águas Lindas que se conseguiu realizar pontes mais efetivas de ações coletivas.

Após essas experiências iniciais e articulações, acontece uma conversa nacional com os Evangélicos pela Justiça (EPJ). Dessa reunião, saímos com o seguinte encaminhamento: o Distrito Federal e o Paraná iriam seguir aprofundando as relações já construídas com os evangélicos e evangélicas, como processos pilotos nacionais. No Distrito Federal seguimos com essas articulações e, no Paraná, na cidade de Londrina, o maior avanço se deu com a Igreja católica – ambas as articulações continuam nos afirmando que falamos de um campo plural com diversos atores e, ao generalizá-los, cometemos um equívoco tático e analítico, de inserção e atuação no território.

Em 2018 há a vitória da extrema direita no país e o aumento da participação dos evangélicos na disputa política, econômica e ideológica. Diante disso, nós, militantes envolvidos na tarefa de construção de força social urbana, avaliamos que estávamos diante de um aprofundamento do descenso de lutas e bloqueio de possíveis conquistas econômicas. Mas não iríamos ficar de braços cruzados. Conversamos que a linha política de trabalho de base urbano popular deveria se pautar por uma concepção e uma prática de solidariedade ativa, a qual tem potencial histórico e humano inegável,– promovendo o vínculo com o nosso povo e uma gama de possibilidades organizativas.

Aqui abre-se um parêntese para destacar dois pontos importantes: I) a articulação com os evangélicos, bem como a necessidade de avançarmos junto a esse setor, é anterior à pandemia. II) No DF, em 2019, a partir da reorganização do movimento, nosso novo contato com a base evangélica se deu por meio de atividades de reforço escolar e do processo de alfabetização na Casa da Natureza, Sol Nascente Trecho II, iniciativa do Congresso do Povo, a partir do Levante Popular da Juventude e do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD). Não havia uma intencionalidade clara de trabalho de base com os evangélicos nas atividades desenvolvidas no Sol Nascente nesse período, mas por meio da nossa atuação no território foi possível abrir essa frente.

Em 2020 a pandemia passou a ser uma realidade e, seguindo os horizontes apontados em 2018 – solidariedade ativa –, iniciamos a entrega de cestas básicas por meio da Campanha de Solidariedade em meados de março/abril. Adentramos no território de atuação e em outros territórios potenciais nos atentando às demandas concretas e realidade do povo, em defesa da vida e dos direitos.

Fato é que a pandemia foi mudando a compreensão e a percepção do todo, aguçou outros sentidos – um deles foi o de reafirmar o que já sabíamos: a solidariedade está para além da entrega de cesta de alimentos, se dá no cotidiano, na subjetividade do povo. Por vivenciarmos algo incomum a todas e todos era necessário irmos além da entrega. Mas, o que fazer? A partir dessa pergunta chegamos ao “pulo do gato” – o GT de Espiritualidade no Distrito Federal.

 

A experiência concreta

Há quem diga que cada um vê o sol do meio dia a partir da janela de sua casa. Isso significa que as vivências e experiências perpassam as nossas percepções subjetivas, coletivas e individuais; refletem a nossa visão de mundo. Todos nós carregamos uma bagagem com crenças e valores, não podemos nos esquecer disso em nenhum momento. Temos um chão que caminhamos antes de sermos parte de movimentos sociais, partidos políticos e defendermos um projeto popular para o Brasil. E é inegável a presença da religião, da religiosidade e da espiritualidade no chão que pisamos.

As entregas de cestas sempre foram momentos muito ricos, desde o preparo até o encontro com as famílias e referências no território. Nas prosas e trocas com as famílias que recebiam as cestas as frases “fica com Deus”, “que Deus te abençoe”, “vá com Deus”, algo tão genuíno no nosso povo, se tornaram familiares e ligaram um sinal de alerta para nós que estávamos nos territórios. Ao longo do tempo, fomos notando que para além de ser parte da nossa linguagem, essas frases também fazem parte da espiritualidade presente no cotidiano das famílias acompanhadas pela Campanha de Solidariedade.

Amadurecendo essas questões por meio das experiências já relatadas acerca da religiosidade e espiritualidade e ao olharmos para a dimensão da solidariedade orgânica e ativa que construímos, a entrega de cesta básica era uma resposta a algo concreto e material, mas, e a dimensão simbólica e subjetiva onde estava?

Em meados de junho de 2020, aproximadamente no terceiro mês de campanha, a afirmação que já tínhamos conhecimento bateu à nossa porta: a religiosidade se faz presente na vida do povo, é no falar por meio de orações que o nosso povo pede, agradece, reclama e se acalma. Bom, ficou claro para nós que só a entrega de cestas não seria suficiente, precisávamos de um espaço para alimentar as espiritualidades e as subjetividades das famílias acompanhadas, era necessário a formação de um grupo de acompanhamento espiritual que pudesse oportunizar – já que as igrejas estavam fechadas – uma outra forma de espiritualidade, uma libertadora.

Diante de uma demanda concreta e o desafio de nós, enquanto esquerda, de nos aproximarmos desse segmento religioso, tivemos que nos despir de algumas questões, como, por exemplo, o imaginário de que “todos os evangélicos são conversadores”. Pois bem, não, não são! O segmento evangélico não é um bloco uniforme, é historicamente heterogêneo, com múltiplas manifestações.

Nós sabemos que, desde a década de 1990 esse segmento religioso tem dado respostas cotidianas a trabalhadoras e trabalhadores nas periferias do nosso país. Isso nos leva a afirmar que a fé evangélica é, além de plural, popular. E é muito importante compreender que, ao falarmos dos evangélicos, estamos falando de classe – falamos da classe trabalhadora. Ou seja, são mulheres e homens plurais, parte da classe trabalhadora explorada e precarizada diariamente, lutando por direitos e sobrevivência em um país brutalmente desigual.

Após a superação de algumas questões, surge um outro elemento – Como fazer? Qual metodologia utilizar?

No início do texto citamos a EPJ, parceiros extremamente importantes nessa travessia. Nós, do MTD, por meio da Campanha realizamos uma série de encontros com o grupo, que culminaram em lives, prosas e partilha de experiências. Desses inúmeros espaços com a EPJ, acompanhado da participação do grupo na Campanha e a busca por um caminho de acompanhamento espiritual que atendesse as demandas do povo e nos permitisse um maior avanço junto a nossa base – majoritariamente evangélica– chegamos à definição que a melhor via para o avanço do GT de Espiritualidade seria ligações por chamada de vídeo para as famílias evangélicas que se interessavam pelo acompanhamento espiritual e a criação de uma lista de transmissão via whatsapp.

É importante destacar que a Campanha nos colocou frente à diversidade religiosa das famílias. O GT passa a ser composto por 23 pessoas de diversas organizações, sendo estas: Centro Magis Burnier, Comissão Brasileira Justiça e Paz, Centro de Estudos Bíblicos do Planalto Central e Evangélicos Pela Justiça, além de diversas pessoas desigrejadas, mas que toparam o desafio com a gente. Acompanhamos 20 pessoas, em três territórios da Campanha: Privê, Planaltina e Sol Nascente Trecho II e III.

  1. A dinâmica do GT se deu em três vias: um dia da semana havia a transmissão de salmos bíblicos e alguma reflexão; em outro era realizada chamada de vídeo para conversas e orações e, em seguida, havia o encontro de todo o GT para compartilhar experiências e impressões. Por meio desses espaços, nos adentramos em lugares ainda desconhecidos, estabelecemos um vínculo de afeto e confiança com algumas famílias, que ainda não existia. Abrimos também uma nova articulação com o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, com a participação das pesquisadoras Delana Corazza e Angelica Tostes, coordenadoras da pesquisa “Evangélicos, Trabalho de Base e a Política”.
  2.  Como já dito, o GT se inicia em junho de 2020. Nos meses seguintes, foi autorizada no DF a abertura das igrejas para as celebrações presenciais, o que aos poucos foi esvaziando o GT de Espiritualidade. Haja vista que as famílias optaram por estar em espaços presenciais – o que é obviamente mais prazeroso.

Vale dizer que o objetivo do GT nunca foi o de substituir a igreja. Nós reconhecemos o espaço conquistado pela igreja na vida do nosso povo, cumprindo a função social em termos de acolhimento, identidade, socialização e individualidade. Nesses espaços, pessoas anônimas são vistas, são reconhecidas, são ouvidas. Existe um grau de compromisso imenso com a participação nos cultos e nas atividades promovidas pelas igrejas, e isso não deve ser ignorado ou menosprezado. Precisamos, enquanto esquerda, aprender o uso de uma escuta ativa, atenta e curiosa, e também de nos enxergarmos nesse processo de avanço do conservadorismo, do fundamentalismo e das igrejas evangélicas para compreendermos, de fato, a nossa situação. E feito isso, incidirmos na disputa de narrativas desse segmento, insistimos, popular e plural.

Olhando para os saltos qualitativos e quantitativos do GT de Espiritualidade, sem desconsiderar a diminuição de pessoas acompanhadas, avaliamos conjuntamente a importância de mantermos esse espaço e de construirmos a transição para um ambiente de estudos, reflexões e discussões acerca da relação entre o segmento evangélico e a esquerda para toda a militância participante da Campanha e para nossos parceiros/as. Junto ao Instituto Tricontinental e ao EPJ, realizamos formações dos seguintes temas: método de sistematização de experiências; gênero e religiosidade; religião e eleições de 2020, entre outros.

Diante do novo normal e da dinâmica de vida da nossa militância e de parceiros/as, os encontros do GT foram se esvaziando, seguindo uma tendência de dispersão. Não poderíamos abrir mão do acúmulo, reflexões e textos construídos até o momento. Com isso, avaliamos, em dezembro de 2020, a importância do grupo e da continuidade dos diálogos, e formamos um “núcleo duro”, com militantes do MTD-DF e as pesquisadoras do Instituto Tricontinental. Deste grupo, tiramos um encaminhamento geral: a necessidade de divulgação da nossa experiência, ou seja, a sistematização do que estamos fazendo junto ao segmento evangélico no Distrito Federal – tal encaminhamento provocou esses escritos.

Neste ano, seguimos com os diálogos e, por meio de articulações anteriores, iniciamos algumas prosas com a Associação Amigos do Reino, que desenvolve um trabalho voltado para a autonomia financeira e a geração de renda para mulheres da Chácara Cachoeirinha – Sol Nascente (DF); o grupo The Clowns of God, que atua no acompanhamento hospitalar infantil; um pastor da igreja Assembleia de Deus, em Valparaíso (GO), e a União de Rock Cristão.

A proposta inicial, ao nos reunirmos com esse grupo, foi de pensar conjuntamente a estruturação de uma rede de solidariedade, na qual as organizações participantes priorizariam as ações de cada movimento em seus territórios de atuação. A proposta foi excelente, mas infelizmente o grupo não avançou do modo que estávamos desejando, nos colocando frente ao desafio da organicidade.

Nacionalmente, seguimos com as reflexões e as partilhas junto às pesquisadoras do Instituto Tricontinental e à militância de outros estados (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Alagoas, entre outros) sobre as experiências com os evangélicos e os desafios do trabalho de base com os evangélicos nas periferias.

 

Quais são os nossos acúmulos e desafios?

Ainda não temos um método claro de trabalho de base com os evangélicos, isso é um fato! E temos muito chão pela frente para chegarmos até lá. Em razão disso, temos a experiência do GT aqui compartilhada, as diversas articulações com esse segmento religioso no DF, a participação na pesquisa “Evangélicos, Trabalho de Base e a Política” e a partilha com os outros estados que também estão na linha política de trabalho de base junto aos evangélicos e evangélicas. Estamos nos movimentando, estamos em contato com esse setor, estamos em busca de um caminho, estamos olhando para as nossas lacunas e para onde falhamos.

E olhando para o quintal de casa (Distrito Federal), o GT de Espiritualidade nos proporcionou um avanço na compreensão da religiosidade no cotidiano do nosso povo – parte da classe trabalhadora explorada e precarizada do nosso país, formada majoritariamente por mulheres negras. Contribuiu na consolidação de articulações já existentes, tanto  distrital quanto nacional, e aquelas articulações com os evangélicos que estavam sendo cultivadas aos poucos vão germinando. Vale destacar que todo o acúmulo aqui relatado desaguou e deságua na formulação teórica e política da Campanha de Solidariedade – Periferia Viva (DF) e das organizações envolvidas.

Quanto aos nossos desafios, compartilho estes em escala local e também os que vamos percebendo ao longo das diversas prosas e partilhas com companheiras e companheiros de outros estados.

No Distrito Federal, percebemos que, dentre os inúmeros desafios, colocar a teoria na prática é o que lidera, até porque: quem sabe fazer, mas nunca fez, ainda não sabe. Não descobrimos o caminho exato (e pode ser que não exista) que combine as formações, reflexões e provocações tecidas até aqui e que deságue diretamente no trabalho de base com o povo evangélico nas periferias distritais, incidindo na disputa de narrativas. Um apontamento é continuarmos avançando na construção ancorados à Campanha de Solidariedade, e por meio disso irmos, com uma paciência impaciente, potencializando articulações com igrejas e novos sujeitos.

Um outro desafio é a linguagem – existe uma linguagem que ainda não acessamos e que nos cabe avançar nesse aspecto. A linguagem tem figuras, e segue geralmente uma lógica de sujeito, tempo e lugar que nós precisamos estar atentos – necessitamos conhecer e ser conhecidos. É por meio da linguagem que vai ocorrendo a integração, a troca e a confiança: nós precisamos conversar, de igual para igual, desarmados.

E nos vem a seguinte provocação: “como falar com os evangélicos?”. Se estamos falando de uma pessoa, de um sujeito ativo, do nosso povo, por que tanto melindre? Será que já não falamos com os evangélicos, dado que são grande parte da classe trabalhadora nos territórios? Será que a pergunta não tem que avançar para: como militar ao lado dos evangélicos? Arrisco a dizer que, ao nos debruçarmos nas reflexões sobre o trabalho de base e a atuação com os evangélicos, estamos falando em nos reaproximarmos, enquanto esquerda, do nosso povo, de caminharmos juntos, novamente, com o nosso povo. O desafio da linguagem está de mãos dadas com o nosso conhecimento bíblico, e é necessário para nós, da esquerda, avançarmos no entendimento da linguagem bíblica e fazermos uso dessa ferramenta, que resgata a experiência de mulheres e homens oprimidos em prol da sua libertação: ler a bíblia em comunidade, ir a entrelaçando com a realidade para a transformação da sociedade.

Uma questão que não pode fugir dos nossos olhos é o equívoco de generalizarmos todos os evangélicos como conservadores, baseando-se no atual governo. Nós temos evangélicos progressistas, essa sistematização traz essas vozes. Temos que compreender a complexidade desse campo, o seu caráter popular e plural, e aprender com quem já está construindo. Se generalizamos os evangélicos, não reconhecemos que estamos diante de uma disputa: abrimos mão de mulheres e homens negros, periféricos e trabalhadores, ou seja, do povo que se encontra em nosso território de atuação. A narrativa do segmento evangélico é plural, e mais do que nunca precisa ser escutada e disputada.

Cabe a nós a tarefa de compreender a espiritualidade evangélica no cotidiano do nosso povo; retomarmos o diálogo contínuo e não sazonal, para que se construa uma outra narrativa nos territórios; olharmos para nós, enquanto esquerda, e o que estamos oferecendo, e sempre lembrar-nos que trabalho de base e militância são feitos com amizade – é uma paixão indignada e cheia de ternura.

 

Bibliografia

PELOSO, Ranulfo (org.). Trabalho de Base: seleção de roteiros organizados pelo Cepis. 1° ed. São Paulo: Expressão Popular, 2012.

 

Notas

[1] Saúdo a todas aquelas e aqueles que contribuíram na construção dessa sistematização, em especial Angelica, Delana, Tobias e Osvaldo.

[3] Na sistematização a experiência se deu majoritariamente com as mulheres, que estavam à frente das famílias presentes na Campanha de Solidariedade Periferia Viva (Distrito Federal). Contudo, no presente texto não iremos aprofundar a reflexão acerca de gênero e religiosidade.

[4] Por ser uma partilha não é de grande preocupação o desenvolvimento de conceitos ou um vasto referencial teórico. Haja vista que, que há uma série de ricas discussões realizadas por intelectuais, militantes e grupos de pesquisa que contempla essa parte da discussão.

[5] Via Sacra, também chamada de Via Crúcis, se refere ao trajeto percorrido por Jesus carregando a cruz desde Pretório até ao Calvário onde faleceu. No caso citado, Jesus Cristo é interpretado por um ator negro e traz aí a dimensão de raça e de classe que majoritariamente é esquecida nesse evento tão importante no catolicismo.

[6] O EPJ – Evangélicos pela Justiça é um grupo, ainda em formação, de evangélicos/protestantes que tem como objetivo dialogar, propor melhorias e realizar atividades que contribuam para a redução dos problemas políticos e sociais existentes que geram e perpetuam das desigualdades sociais e injustiças em nosso país. Dentre eles, destacamos as questões referentes à pobreza, violência, agressões ao meio ambiente, baixa qualidade da educação e da saúde pública, concentração de riqueza, injusta distribuição dos espaços urbano e rural, desamparo da juventude, que requerem intervenção política dos evangélicos/protestantes. (Disponível em: http://www.epj.org.br/principal/quem-somos)

[7] A Campanha de Solidariedade acompanha famílias nas seguintes regiões administrativas do Distrito Federal: Ceilândia, Sol Nascente, Samambaia, Planaltina e Santa Maria.

[8] Tivemos as lives: Evangélicos de Esquerda, Solidariedade e Organização Popular e Paulo Freire e Cristo: Religiosidade e Educação Popular. Ambas as lives ocorreram ancoradas na Campanha de Solidariedade Nós por Nós contra o Coronavírus – Periferia Viva (DF).

[9]Na construção do texto nos restringimos ao segmento evangélico. No entanto, é importante destacar que a Campanha nos colocou frente a diversidade religiosa das famílias, o GT se inicia com a EPJ e em seguida temos a participação de pessoas católicas, acompanhadas por companheiras/os da Teologia da Libertação e outros segmentos progressistas.

 

* Márcia Silva é militante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) e da Consulta Popular, atualmente compõe a Comissão Político Pedagógica da Campanha de Solidariedade Periferia Viva (Distrito Federal). Com a pandemia, tem se dedicado às reflexões acerca dos desafios do trabalho de base com os evangélicos nas periferias no que diz respeito ao diálogo com a base evangélica.