Como resposta a ascensão chinesa, a OTAN lançou um novo documento em que traça planos até 2030.

 

São Paulo, 13 de junho de 2020

Nº 007/20 – semana 2

Síntese: A OTAN lançou um plano até 2030 para fortalecer a aliança entre seus membros diante da alteração de equilíbrio de poder global com a ascensão da China. Do lado chinês, os dados da balança comercial de maio apresentou recorde em seu superávit. Nos EUA, a taxa de desemprego foi de 13,3% no mês de maio, mas com certas ressalvas nas estatísticas e uma previsão de queda do PIB em 6,5% segundo o Fed. Para o Brasil as projeções de queda do PIB são de -8,0% e -9,1% segundo relatórios do Banco Mundial e da OCDE. Para o IPEA a previsão de queda é de 6%. No combate a pandemia, o BNDES apresentou a terceira rodada de medidas emergenciais com novas linhas de créditos às empresas e aos estados e municípios. O índice IPCA/IBGE apresentou deflação de 0,38% no mês de maio; o segmento de alimentação e bebidas teve alta de 0,24%. No mercado de trabalho houve um aumento de 53% de pedidos de seguro-desemprego em maio comparado ao mês de abril.

 

INTERNACIONAL

1. A balança comercial da China no mês de maio registrou um superávit de US$ 62,93 bilhões, acima dos US$ 45,34 bilhões apresentados em abril. Esse valor representou um aumento de 1,4% no acumulado do ano nas exportações e queda de 12,7% nas importações. As exportações caíram 3,3% em relação ao mesmo mês de 2019, enquanto as importações tiveram uma queda de 16,7% no mesmo período, devido a baixa dos preços das commodities. Os países asiáticos são os principais parceiros comercial da China, representando 14,7% do comércio exterior total do país.

2. Como resposta a ascensão chinesa, a OTAN lançou um novo documento chamado #NATO2030 [OTAN2030]. Embora a declaração oficial diga que objetivo seja fortalecer a aliança entre seus participantes até o ano de 2030, o documento afirma que a ascensão chinesa altera o equilíbrio global de poder, mostrando grande preocupação com o crescimento econômico, tecnológico e militar desse país, bem como sua relação cada vez mais próxima com a Rússia.

3. Nos EUA, a taxa de desemprego do mês de maio ficou em 13,3%, uma queda em relação ao mês de abril que foi de 14,7%. São quase 21 milhões de desempregados no país, dois milhões a menos que em abril. Contudo, a própria agência (Bureau of Labor Statistics – BLS) apresentou ressalvas com a pesquisa, por classificar os trabalhadores em licença como “trabalhando, mas ausentes”, ao invés de “suspensos temporariamente”. Sem esse erro, a taxa de desemprego estaria em 16,3%. Em comunicado à imprensa, o FED, Banco Central dos EUA, projeta uma queda do PIB do país de -6,5% e uma taxa de desemprego fechada no ano de 9,3%.

4. Na Argentina, o governo de Fernando Fernandez assinou um decreto que prevê a intervenção do governo por 60 dias na maior empresa de grãos do país, Vicentin, com o objetivo de manter os empregos na empresa e na cadeia de fornecimento de mais de 2.600 produtores. A empresa entrou em recuperação judicial no início do ano e conta com uma dívida em torno de US$ 1 bilhão.

 

CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO

5. O Banco Mundial lançou seu relatório sobre as previsões do PIB para esse ano diante da pandemia. A queda para o PIB brasileiro é de 8,0%, e recuperação de 2,0% em 2021. Esse será o maior recuo da história do país. Para toda a América Latina a queda do PIB é de 7,2%, e as principais variáveis responsáveis são a baixa do preço das commodities e das cadeias de suprimentos. Já a OCDE prevê uma queda de 9,1% do PIB caso o Brasil sofra mais uma onda de contágios da pandemia. Caso contrário, a queda do PIB projetada seria de 7,4%. A organização enfatiza que a economia está entrando em profunda recessão.

6. No boletim de conjuntura do IPEA a queda projetada é de 6% no PIB de 2020, e alta de 3,6% no ano que vem. Embora a projeção de queda para o segundo trimestre é de 10,5%, o estudo afirma que o fundo do poço foi o mês de abril, com recuperação já a partir de maio. Outro indicador do IPEA mostra a diminuição de 27,5% nos investimentos no mês de abril, comparado ao mês de março. A maior queda foi nos investimentos em máquinas e equipamentos, de -39,4%.

 

CRÉDITO, DÍVIDA E JUROS

7. O BNDES apresentou o balanço das medidas implementadas até aqui e a terceira rodada de medidas emergenciais contra os impactos do Covid-19. Até o momento, o banco disponibilizou R$ 102 bilhões. As novas medidas são um novo programa de crédito (Programa Emergencial de Acesso ao Crédito – PEAC (R$25 bilhões), crédito às cadeias produtivas (R$ 2 bilhões), crédito direto emergencial para a saúde (R$ 2 bilhões), Programa de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro – PASS (R$ 1,5 bilhão) e a suspensão temporária de pagamentos para os estados e municípios (R$ 3,9 bilhões). A apresentação pode ser assistida aqui.

 

CONTAS PÚBLICAS E INVESTIMENTOS

8. Os investimentos do Ministério da Defesa ficarão fora de um possível contingenciamento orçamentário em 2021, semelhante ao ocorrido nesse ano, fixados em R$ 7,1 bilhões. As ações vinculadas à função ciência, tecnologia e inovação, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações, também ficarão de fora do contingenciamento. Os investimentos fora dos cortes são listados nessa reportagem do Valor Econômico.

9. Em artigo no mesmo jornal, os economistas Adriano Laureno e Eduardo Rawet afirmam ser falso o risco fiscal de um auxílio emergencial permanente, visto seu efeito multiplicador na economia e no PIB, fazendo com que a relação dívida/PIB permanecesse estável ou até diminuísse com a implementação dessa política.

 

INFLAÇÃO E PREÇO DOS ALIMENTOS

10. A inflação no mês de maio medida pelo IPCA/IBGE foi de -0,38%, a menor variação mensal desde 1998. No ano, o índice acumula uma queda de 0,16%. O maior impacto de queda foram os -1,9% dos Transportes. Os artigos de residência subiram 0,58% e o de alimentação e bebidas 0,24%. Nesse segmento os itens com maior queda foram cenoura (-14,95%) e frutas (-2,1%); cebola (30,08%) e a batata-inglesa (16,39%) tiveram as maiores altas.

 

MERCADO DE TRABALHO E RENDA

11. Os pedidos de seguro-desemprego tiveram um aumento de 53% no mês de maio comparado ao mesmo mês do ano anterior; em comparação ao mês de abril, a alta foi de 28,3%. Mais de 960 mil pessoas realizaram novos pedidos no mês de maio, sendo que 41,3% eram mulheres e 58,7% eram homens. Em relação às áreas, 42% foi no setor de Serviços, 25,8% no Comércio, 20,5% na Indústria, 8,2% na Construção e 3,4% na Agropecuária.

 

EMPRESAS (INDÚSTRIA, COMÉRCIO, SERVIÇOS E AGRONEGÓCIO)

12. As operações da Vale levaram a uma alta no preço da tonelada do ferro, fechando em US$ 105,67. O aumento se deu porque a Justiça interditou o complexo de três minas, em Itabira, por conta de registros de casos de Covid-19. Esse crescimento representou uma valorização de 3,2% no início de junho, e de 14,7% no acumulado do ano.

13. Em artigo a Folha de São Paulo, o vice-presidente da FIESP mostra as fissuras internas na entidade diante da perda de importância da indústria. José Ricardo Roriz Coelho salienta que o foco da entidade deve ser os interesses dos industriais, com a sua modernização e atualização tecnológica, e não planos políticos individuais, em uma clara acusação ao atual presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

 

ESPECIAL COVID-19

14. O Instituto Butantan de São Paulo anunciou parceria com o laboratório chinês para a produção de vacina contra o coronavírus. Segundo o governo do estado de São Paulo, a previsão é que a produção e a distribuição da vacina, que se encontra na fase 3 de testes, seja realizada em junho de 2021.

15. No monitoramento de gastos da União com o Covid-19, o Tesouro Nacional mostrou que já foram gastos R$ 135,7 bilhões de uma previsão de R$ 404,2 bilhões (na semana passada a previsão era de R$ 323,9 bilhões). Os maiores valores foram com o Auxílio Emergencial a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade (R$ 76,99 bi) e Concessão de Financiamento para Pagamento de Folha Salarial (R$ 17 bi).