A guerra na Ucrânia manifesta a disputa pela recuperação do espaço perdido pelos EUA, cujo objetiva é sangrar e humilhar internacionalmente a Rússia para isolar a China.

 

Por Isabel dos Anjos Leandro [1] e Héctor Luis Saint-Pierre [2]*

 

Uma nova ordem internacional pode estar nascendo e parece que o parto não será pacífico. Uma proposta de multilateralismo e isonomia estatal que redesenhe a arquitetura de segurança internacional está sendo colocada [3]. Por outro lado, a aposta por um mundo regido por regras, unilateralmente estabelecidas pelos Estados Unidos e militarmente suportada pela OTAN, está disposta a sacrificar 60 milhões de vidas para se manter [4]. Este confronto de propostas contraditórias de arquitetura internacional dinamizam um conflito que se alastra por décadas no qual, as camadas tectônicas mais profundas da Segurança Internacional, onde se medem as estaturas estratégicas das grandes potências, está em movimento e fricção. Esse movimento obedece a uma reconfiguração de interdependências reciprocas (econômicas, tecnológicas, energéticas e políticas) na qual a República Popular da China está ocupando um lugar cada vez mais importante. Essa dialética que vem aumentando a tensão internacional denuncia interesses econômicos feridos por outros bem-sucedidos, ambos funcionais à lógica da acumulação do capital.

A tensão provocada pela disputa de hegemonias globais irrompe dramaticamente na guerra na Ucrânia que nos propomos analisar aqui. Alguns foram surpreendidos no dia 24 de fevereiro pelo início da invasão das tropas russas ao território ucraniano. A operação militar especial declarada pelo Putin sob o argumento da defesa da vida dos habitantes das províncias do Donbass constitui, pelos critérios da ONU, uma agressão à soberania da Ucrânia e, portanto, injustificável, condenável, mas compreensível e explicável. Dito isto, é possível e necessário tentar analisar objetivamente a situação que é muito mais ampla que o território da Ucrânia, intentando jogar alguma luz, tanto sobre os acontecimentos em campo, quanto o que está em jogo no cenário internacional. Para tal propomos elucidar o teatro de operações e o das comunicações, assim como tentar imputar a responsabilidade pela crise internacional que resultou na Guerra da Ucrânia.

 

O teatro de operações ucraniano

Na primeira noite do ataque, as forças russas destruíram 118 bases militares, 11 pistas de aterrizagem retirando a cobertura aérea a operações terrestres, 13 3C+i (Centro de Comando e Controle mais inteligência), deterioraram a defesa antiaérea do exército ucraniano e portos. O reduzido número de mortos (137 conforme as fontes ucranianas entre civis e militares) prova a precisão da máquina bélica russa e a nova doutrina (ainda incompreendida ou ignorada pela mídia ocidental) de evitar mortes de civis e danos de infraestruturas essenciais, estratégicas e/ou sensíveis que permitam a recuperação do país.

A Ucrânia amanheceu praticamente sem defesa antiaérea e sem cobertura aérea para apoiar operações em terra (pelas pistas destruídas), com cadeias de comando e controle desarticuladas e sem marinha de guerra. Nessa situação, ante uma robusta potência militar como a russa, esperava-se uma atitude sensata do presidente Volodymyr Zelensky para evitar a destruição do país e mais mortes inúteis. Tudo indicava, e os seus primeiros movimentos pareciam confirmar, que o presidente ucraniano estava disposto a capitular e negociar sua rendição. Este seria o caminho para o resultado menos dramático para Ucrânia e sua população, para Rússia e para o mundo que tinha percebido que o Putin estava levando a sério suas demandas. Mas em toda decisão um anjo e um demônio sussurram no ouvido de quem decide e, neste caso, o poderoso demônio foi Joe Biden, que gritou mais fortes pelo seu interesse na manutenção de uma guerra perdida [5].

Os EUA vinham fazendo fortes investimentos na Ucrânia, desde o financiamento e preparação da derrubada de presidente democraticamente eleito, Viktor Yanukovych, para, posteriormente, articular, treinar e armar o exército ucraniano nos moldes da OTAN. Mas também militarizou grupos nacionalistas de extrema direita e neonazistas, que provocaram, desde 2015, 14 mil mortes nas províncias autônomas de Donbass, segundo Amnesty International [6].

Ante a inútil persistência de Zelensky, a invasão foi se consolidando com surpreendente velocidade [7], tomando os pontos críticos e sensíveis antes destes caírem em mãos de terroristas ou dos nazistas; cercando as principais cidades do leste e mesmo a capital Kiev; envelopando regiões do país desde o leste, sul-leste e chegando à Crimeia para ameaçar Odessa. Como em toda operação militar, certamente ocorreram erros de todo tipo, mas o que o ocidente denunciava como “atoleiro operacional russo” era, na verdade, a doutrina de cerco e desgaste para evitar combate ao interior das cidades com mortes inúteis de ambos os lados. A operação consistiu em fixar as tropas ucranianas em bolsões por uma estratégia multi-vetorial, completada pelo impedimento do contato entre as frentes pelo controle aéreo por parte da força aérea russa. O atraso operacional propalado pela imprensa ocidental talvez seja apenas o tempo necessário para acabar com as munições e alimentos das forças ucranianas nos cercos.

As promessas de socorro de Biden não foram cumpridas, e ele sabia que não as cumpririam desde o início; mas talvez, na sua ingenuidade de comediante, Zelensky tenha acreditado. Mas o certo é que naquela fé se realizava a estratégia imediata do governo Biden de tentar melhorar seu prestígio interno, recuperar a liderança norte-americana sobre uma acéfala Europa e fortalecer a OTAN frente a uma conveniente guerra[8]. Mas também ficou visível sua política-estratégica de médio e longo prazo: sacrificar a Ucrânia numa longa guerra para sangrar a Rússia, desgastar interna e internacionalmente o governo de Putin e, se possível, mudar seu governo capitalista corrupto, conservador e nacionalista por um governo capitalista, corrupto, conservador e vassalo e, assim, isolar a China, o prato forte desse menu de hegemonia pela destruição.

Os “analistas” de plantão imputaram à demência de Putin, seu afã imperialista, sua megalomania, sua sede de sangue e a todas as causas que soassem como mel para os ouvidos da mídia corporativa. Assim, confundiram a doutrina russa de evitar combates como sua fraqueza ante a coragem dos heróis da resistência; a abertura de corredores humanitários como armadilhas para matar civis; a demora no avanço dos tanques a problemas logísticos. Ignorantes da renovação doutrinaria russa e acostumados a justificar a ferocidade das invasões norte-americanas baseada na nada sofisticada doutrina da “superioridade de fogo”, por comparação, interpretaram as diferenças como deficiências. A estratégia parece ser a de cerco às cidades, com periódicos corredores humanitários para evitar a morte de civis e vencer pelo desgaste. Portanto, para a estratégia operacional russa, o tempo corre a seu favor.

Ante a disparidade de forças, Zelensky proibiu que homens entre 18 e 60 anos abandonassem as cidades para se somar à resistência para deter o invasor [9]. Não obstante o impedimento para fugir da guerra, ele chamou isso a “heroica vontade de resistência do povo ucraniano”, distribuiu Kalashnikov e mandou preparar bombas Molotov para enfrentar os tanques russos [10]. Essa atitude, do antigo comediante e hoje trágico presidente ucraniano, longe de ser heroica, é minimamente insensata, inumana, despreocupada pela vida dos seus concidadãos, senão meramente covarde [11]. Prolongar a agonia da população e a destruição do país apenas para ampliar a escala de demanda que favorecera o complexo industrial militar não é virtude de um governante. Aqueles analistas que denunciavam enfaticamente a tática de recuar para as cidades e se ocultar entre civis executada pelo ISIS, como sendo o emprego covarde do escudo humano, hoje referem-se à mesma tática executada pelo Zelensky, como “corajosa resistência do povo ucraniano”. Escolas e hospitais são desalojados para a instalação de artilharia antiaérea ou lançadores múltiplos de foguetes que, quando atacados, são mostrados como prova de crimes de guerra [12].

Com o domínio do espaço aéreo por parte da aviação russa, se não estivessem preocupados pelas perdas de vidas humanas e pela manutenção da infraestrutura ucraniana, as cidades poderiam ser bombardeadas desde o ar ou mesmo com sua grande variedade de mísseis de precisão e especificidade desde seu território ou de lançadores múltiplos disponíveis no território ocupado. Será isso que o Zelenky (ou deveríamos dizer Biden?) deseja? Transformar a Ucrânia num inferno de fogo e aço para demonizar Putin?

 

O teatro comunicacional é global

A comunicação global modula as percepções das sociedades com linguagens apelativas que, pela cotidianidade com que penetra na intimidade dos lares, se torna familiar e “confiável”. Dessa maneira, com a modulação do tom de voz e gestos corporais, não apenas informam, mas transmitem interpretações e posições com relação ao que informam de forma parcial e comprometido com os interesses e a perspectiva empresarial da emissora. São poucas as fontes de notícias internacionais, e seu alcance é global, daí a importância deste teatro de operações que é a comunicação. No caso da presente crise internacional, este teatro foi tomado rapidamente por uma parcialidade informativa comandada pelo Ocidente. Por outro lado, como contramedida, impediu-se que fontes no alinhadas ou alternativas pudessem emitir outras perspectivas informativas.

Neste campo de batalha os, Estados Unidos, que domina a mídia corporativa internacional, tomaram a dianteira. Não obstante, neste teatro, o tempo também corre a favor da Rússia: uma vez ocupado interpretativamente este campo, o esforço será manter a atenção de uma sociedade, avida por novidades, ocupada por uma guerra que se prolonga tediosamente. A sociedade se mobiliza atrás das novidades justamente pelo medo. A comercialização da notícia está condicionada pela possibilidade eminente de guerra, da ameaça, do medo e a expectativa que provoca a notícia.

Podemos imaginar um cenário prospectivo no qual o impacto da migração ucraniana na Europa, somada ao efeito bumerangue das sanções econômicas, começará a mudar a percepção europeia, abrindo frestas que permitirão a emergência de outras visões da guerra e dos responsáveis por provocá-la ou não impedi-la. Mas até lá, neste campo de batalha, o jornalismo corporativo é uma arma que está sendo letal na percepção do conflito. Esta poderosa arma não apenas opera no teatro da opinião pública, mas também no humor dos analistas, que veem uma Rússia empantanada numa guerra que terminará sangrando-a e servirá como exemplo do que poderia acontecer a China caso se atreva invadir Taiwan. Esses analistas imaginam que com uma retumbante derrota da Rússia, ou com uma negociação por esgotamento humilhante para Putin, conseguiriam quebrar o eixo Rússia-China, e assim conter o avanço competitivo oriental. Com efeito, num mundo pacífico parece difícil competir por mercados com a China num futuro próximo. A aproximação dela com a Rússia incorpora pouco valor econômico à parceria, mas sim a capacidade de potência dissuasória.

No cenário prospectivo da doutrina americana, o tempo corre contra Rússia: o desgaste político interno de Putin com as sansões econômicas provocariam o colapso do regime e a sua substituição por um governo vassalo que se separe do autoritarismo chinês; se não chega a tanto, pelo menos Putin ficaria como um pária no ambiente internacional e até a China procuraria distância. No teatro de operações, segundo essa perspectiva, Rússia teria encontrado uma resistência inesperada e a guerra, que se esperava relâmpago, terminará sendo uma tormenta sobre as desmoralizadas e mal alimentadas tropas, que já estariam sem munições. Ainda para esse cenário, as sanções internacionais unirão Europa, distanciarão China e afogarão a Rússia. Assim, a Europa cairá ainda mais nas rédeas da dependência do unilateralismo americano, retiraria a ameaça de uma Grande Rússia e, a cereja do bolo, conteriam comercial e economicamente a China.

 

O que está por detrás?

O pior inimigo de uma Grande Potência que deseje a hegemonia internacionalmente ou sua manutenção é o livre exercício político – por parte de outro país ou conjunto de países – da autonomia decisória que defenda os interesses nacionais ou do grupo. Isto é, qualquer Estado, Nação ou grupo que pretenda decidir autonomamente obedecendo a seus próprios interesses será percebido como uma ameaça. Num cálculo de soma zero, essa pretensão atentaria contra os interesses daquela potência, seria percebido como uma ameaça à sua segurança e seria considerado inimigo. Para os Estados Unidos, quem não obedece a suas regras é inimigo.

A possibilidade de disputar livremente o mercado com a China apavora os norte-americanos, que já foram superados também na tecnologia da comunicação. São mais de 100 os países que têm na China seu principal parceiro comercial. Se a China é o inimigo preferencial dos EUA, a possibilidade de sua aproximação com a Rússia a torna uma potência em condições não apenas de disputar o mercado, mas também de defender, no sentido estrito da palavra, suas posições. A defesa da China e Rússia de uma arquitetura internacional articulada por uma multilateralidade amparada em leis é contrário a um mundo regido por um unilateralismo, que imponha as regras de comportamento à sociedade internacional conforme seus interesses.

O que configura o Conflito Internacional deflagrado nas últimas décadas e que eclode na Guerra da Ucrânia, com os clarins de Marte anunciando um câmbio de arquitetura do mundo como o conhecemos, fere os interesses da potência que reinava solitária, gozando de uma unilateralidade sustentada numa contestada monopolaridade da força. A Guerra da Ucrânia desnuda as camadas mais profundas da arquitetura internacional, tanto a institucional, a normativa, quanto a comercial e, dramaticamente, a da segurança internacional. A China representou para muitos países marginalizados pelo regime internacional autocrático e repressor, um porto seguro para comerciar sem chantagens e, portanto, em melhores condições que com a potência hegemônica.

Como o mundo é finito, o crescimento da China só pode ser visto como a ocupação de um espaço que pertencia à potência autocrática, portanto, como um recuo dos EUA. Isto levou a muitos analistas a reconhecer a decadência (temporária ou permanente, ver-se-á) da potência hegemônica desde o Fim da Guerra Fria. A disputa pela recuperação desse espaço perdido se manifesta na atual guerra, que objetiva sangrar e humilhar internacionalmente a Rússia para isolar a China. Com esse objetivo, escolheu-se um país para o sacrifício no altar dos deuses da guerra: Ucrânia.

 

Sobre a responsabilidade nesta guerra

Sun-Tzu conceitualiza “campo da morte” como sendo a manobra militar que coloca o inimigo numa situação sem saída, encaixotado, seja de costas para um rio, uma montanha ou um cerco. Nessa situação, diz Sun-Tzu, aquele que fica encurralado luta pela sua vida, o jogo é de vida ou morte, e sua coragem e força se multiplica por falta existencial de alternativa. Por isso ele adverte para nunca colocar o inimigo nessa situação. Mas, ele mesmo no comando, com forças muito inferiores ao seu inimigo, colocou sua tropa de costas para um rio, onde seus guerreiros não tinham possibilidade de fugir do combate e o preço era sua vida. Ele venceu esse combate.

Os Estados Unidos, empregando a funcionalidade da OTAN e se aproveitando de uma Europa lobotomizada, arriscou colocar a Rússia no “campo da morte” e a resposta não podia ser outra. Como diz com outras palavras Mearsheimer, ao se referir às reiteradas provocações do ocidente sobre Rússia: “não se pode enfiar um pau no olho de um urso e esperar que este sorria”.13 A fábula de que a OTAN é uma arquitetura especificamente “defensiva” acabou no feroz bombardeio de 78 dias sobre a Iugoslávia e o saldo de 20 mil mortos (1999), e, como se restasse alguma dúvida, mostrou sua agressividade no Afeganistão (2001-2021) e seus dentes na Líbia (2011).

As consecutivas ondas de alongamento da OTAN para o Leste humilharam a dignidade russa, sobre a qual Putin construiria seu discurso nacionalista. Na prática, esse discurso significou a recuperação industrial e a capacidade de compra, o fortalecimento institucional, o renascimento do orgulho russo e a modernização organizacional, doutrinária e do parque bélico das forças armadas russas, dotadas de sistemas de armas de alta tecnologia embarcada.

Putin advertiu ao ocidente reiteradamente que o cerco estratégico que os EUA com a OTAN estavam apertando sobre Rússia significava um perigo existencial insuportável. Mas os Estados Unidos, necessitados de tensão estratégica que permita seu predomínio, não ouviu nem quis escutar. Não satisfeitos com o estrangulamento estratégico sobre a Rússia, a OTAN se dispõe a aceitar o ingresso de Geórgia e Ucrânia na aliança atlântica, o que era inaceitável para Rússia. Em 20/06/2021, os EUA com a OTAN realizam um gigantesco exercício naval no Mar Negro, com 32 países intervindo [14]. Ainda em novembro, bombardeiros da OTAN voaram a 20 km da costa russa. Finalmente, Zelensky declara a renúncia ao Memorando de Budapeste, pelo qual a Ucrânia assumia o compromisso de eliminar todas as armas nucleares existentes em seu território. Toda projeção de força, todo exercício militar se faz objetivando um inimigo. No caso da sucessiva projeção da OTAN para o leste, do exercício naval no mar no qual a Rússia tem seu principal porto militar, quem poderia ser o inimigo visado? A obviedade da resposta é a prova de que, de forma irresponsável, o ocidente tinha violado o princípio da indivisibilidade da segurança internacional e colocado a Rússia no “campo da morte”. Motivo pelo qual John Mearsheimer responsabiliza o ocidente por uma guerra que poderia ter sido evitada.

A Ucrânia poderia ter sido preservada como uma ponte entre ocidente e oriente, mas a política externa americana preferiu transformá-la numa trincheira. Que tenha restado uma luz de racionalidade na loucura que parece ter tomado conta da sociedade internacional para não permitir transformar esse país num cemitério e o mundo num deserto radioativo.

 

*Texto cedido exclusivamente para o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social

[1] Doutorada em Ciências Sociais, professora substituta na PUC-Minas, assessora parlamentar na ALMG.

[2] Prof. Titular de Segurança internacional, Coordenador-Executivo do Instituto de Po;iticas Públicas e Relações internacionais (IPPRI) da UNESP, Líder do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (GEDES) Pesquisador do CNPq.

[3] Ver “Declaração Conjunta da Federação Russa e da República Popular da China sobre as Relações Internacionais Entrando em uma Nova Era e o Desenvolvimento Sustentável Global”

[4] Ver “Nato summit was a council of war for military escalation” in (“https://socialistworker.co.uk/news/nato-summit-was-a-council-of-war-for-military-escalation/”) consultada em 28/03/22

[5] O coronel aposentado do Exército dos EUA Douglas McGregor considerou que o “fantoche” (sic) de Zelenky não tinha nada de herói e que deveria ter negociado no início a neutralidade de Ucrânia e definido as fronteiras, o que seria melhor para todos, mas, diz o coronel, “ele foi instruído a suportar e tentar adiar isso, o que é trágico para as pessoas que passam por isso” Entrevista à Fox Bussines em 04/05/22 (https://www.youtube.com/watch?v=sFhb_-jUNUs)

[6] Em 2015 Amnesty Internacional já denunciava torturas e atropelos aos direitos humanos na região do Donbass. Ver BREAKING BODIES. TORTURE AND SUMMARY KILLINGS IN EASTERN UKRAINE. Consulta: https://www.amnesty.org/en/wp-content/uploads/2021/05/EUR5016832015ENGLISH.pdf

[7] Scott Ritter, em entrevista a Defend Democracy Press “Scott Ritter, expert américain, sur l’opération militaire de la Russie en Ukraine” de 21/03/2022, afirma que o avanço russo na Ucrânia foi o mais rápido da história da guerra e com uma eficiência inédita: “Habituellement, au début d’une campagne, vous aurez un avantage de trois contre un côté offensif. Les Russes ont lancé l’opération avec un avantage d’un contre trois, ou un contre quatre du côté ukrainien. Mais néanmoins, les pertes de la dernière semaine s’affichent 1 à 6 en faveur des Russes. Habituellement, dans les affrontements modernes de la Seconde Guerre mondiale, les batailles d’annihilation à grande échelle, par exemple, les Allemands dans les batailles avec les Américains, étant donné que les Américains ont gagné, pour chaque Américain tué, il y avait 3 à 4 Allemands. Ce ratio a permis aux Américains de gagner des batailles et d’avancer. Le rapport entre les Russes et les Ukrainiens de 1 à 6 est une défaite écrasante pour la partie ukrainienne.” (ênfase do autor)

[8] Quase imediatamente o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, anunciou o aumento do orçamento para a Defesa para o 2% do PIB exigido pelos Estados Unidos para Europa para a alegria do Complexo Industrial Militar norte-americano. O CIM pode estar por detrás das provocações do ocidente à Rússia e China.

[9] No dia 24 de fevereiro Zelensky decretou a Lei Marcial. Essa lei é utilizada em situações de excepcionalidades de grave complexidade tais como catástrofes, desastres, conflitos e situações extraordinárias. Com a vigência do decerto da Lei Marcial as funções ficam restritas as autoridades do alto comando do Exército. Uma das primeiras implicações para a população residente nesse território foi a proibição de homens de 18 a 80 anos deixarem a Ucrânia.

[10] Um cidadão com uma bomba Molotov (uma garrafa com inflamável) deve se aproximar a 10 ou 15 metros do tanque para jogar sua inútil carga. Dificilmente um combatente improvisado consiga se aproximar a menos de 50 metros de um tanque russo antes de morrer, não heroicamente, mas estupidamente.

[11] Segundo o coronel Douglas McGregor, as forças armadas ucrânias, sem possibilidade de movimento por carecer de cobertura aérea, empregaram a mesma tática do ISIS ao se recolher nas cidades e usar os civis como escudos humanos. Diz ele que os militares ucranianos “agora estão se misturando com a população, assim como vimos no Oriente Médio quando expulsamos os islâmicos” e agregou que Rússia causou menos danos à Ucrânia do que “causamos ao Iraque quando entramos em 1991 e novamente em 2003. Acho que eles estão apenas cercando as forças ucranianas”. Em entrevista à Fox Bussines em 04/03/22 (https://www.youtube.com/watch?v=sFhb_-jUNUs).

[12] Como diz o major-general Raúl Cunha “Onde é que estavam os lança-foguetes múltiplos quando caíram aquelas [bombas] em Kharkiv, no meio da cidade? Os lança-foguetes estão nas traseiras de carrinhas. São lançados e depois vão-se embora. E quando chega o troco já lá não estão. Mas o sítio onde eles estavam fica reduzido a entulho. É assim que se criam incidentes. Era isto que se fazia constantemente na guerra da Jugoslávia. Morteiros ao pé de hospitais, de um lado e de outro. Os sérvios faziam isso e os croatas faziam isso. Os morteiros mais pesados estavam ao lado de um hospital” Da entrevista “Major-general Raul Cunha: “Quem brincou à roleta russa com Putin é um dos grandes culpados. É não conhecer o animal” a Ricardo Cabral Fernandes para Setenta e Quatro, consultado em 27/03/22 In (https://setentaequatro.pt/entrevista/major-general-raul-cunha-quem-brincou-roleta-russa-com-putin-e-um-dos-grandes-culpados-e)

[13] Ver em The University of Chicago, “Por que a Ucrânia é culpa do Ocidente?” in (https://www.youtube.com/watch?v=qML2jZHc5Zo) consultado em 28/03/2022

[14] Igor Gielow, “Megaexercício naval opõe EUA e Ucrânia à Rússia no mar Negro”. Folha de S. Paulo, 28/06/2021. Consultado em https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/06/megaexercicio-naval-opoe-eua-e-ucrania-a-russia-no-mar-negro.shtml