Movimento lançado no começo de julho pretende impulsionar bancada evangélica do campo democrático.

 

N° 02/20

IURD

Os templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IUDR) em Angola estão sendo investigados por inúmeras denúncias por parte de 320 pastores e bispos angolanos frente à ala brasileira da igreja; mais de 80 templos foram ocupados como protesto contra as violências sofridas por pastores angolanos. Entre as acusações constam discriminação racial, vasectomia forçada, pastores vivendo em condições precárias, opressão de gênero, abuso de autoridade e expatriação de capital. Após a expulsão de pastores brasileiros de alguns templos, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro emitiu uma carta ao presidente angolano João Manuel Gonçalves Lourenço, visando a proteção dos pastores brasileiros no país. Da mesma forma, a Frente Parlamentar Evangélica também emitiu nota em defesa dos brasileiros. As pressões exercidas pelo governo brasileiro não surtiram efeito; uma decisão no no Diário Oficial da República de Angola visa tirar da liderança brasileira o controle da IURD no país. O âmbito da discussão não será no âmbito das discussões teológicas, mas no campo da judicialização, uma vez que a Igreja Universal em Angola é uma instituição “de direito angolano” e está submetida às leis do país, como relembra o advogado e analista político Hélder Chihuto.

O pastor Edir Macedo iniciou um processo judicial contra seu ex-sucessor Romualdo Panceiro, fundador da Igreja das Nações do Reino de Deus. O processo contra a nova denominação, de nome similar, é pelo uso de símbolos e grafias semelhantes as usadas na IURD, como a pomba e a representação gráfica das palavras Jesus Cristo.

 

Milton Ribeiro, o novo Ministro da Educação

A bancada evangélica mostrou sua força política na escolha da nova direção do Ministério da Educação (MEC). Após a passagem relâmpago de André Decotelli, o nome de Renato Feder, secretário da Educação do Paraná, foi cotado para ser o novo ministro da Educação. Entretanto, o convite de Bolsonaro provocou insatisfação em diversos setores, como a bancada evangélica, por conta da aproximação de Feder com João Dória (PSDB) e o grupo Lemann. O pastor Silas Malafaia (Assembleia de Deus Vitória em Cristo) enviou uma mensagem ao presidente pedindo que o novo ministro da educação fosse alguém com o mesmo viés ideológico do governo, não alguém do “centrão”. Feder sofreu inúmeros ataques virtuais de políticos evangélicos e apoiadores de Olavo de Carvalho, e recusou o convite ao cargo do ministério no dia 5 de julho por meio de uma nota de agradecimento.

Após esse incidente, Bolsonaro conversou com três evangélicos cotados para o cargo: o pastor presbiteriano Milton Ribeiro, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas e o reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) Anderson Correia. Uma ala do grupo de apoiadores de Bolsonaro pressionou parlamentares para que o ministro da Educação fosse o coronel José Gobbo Ferreira, nome de influência para os movimentos pró-governo como o Acorda Brasil – do qual Gobbo faz parte -, Nas Ruas e Avança Brasil. O deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) negou a influência da Frente Parlamentar Evangélica ( FPE) na escolha do ministro da Educação, e disse não existir “grupo evangélico no governo” e que as escolhas de Bolsonaro são pessoais e independentes, além de não confiar na escolha do presidente para o MEC.

O pastor presbiteriano Milton Ribeiro foi finalmente anunciado como ministro do MEC no dia 10 de julho. Ribeiro é pastor da igreja Presbiteriana em Santos, teólogo, advogado, ex-reitor da Universidade Mackenzie, ex-tenente do Exército e membro da Comissão de Ética Pública da Presidência desde o ano passado, por indicação de Bolsonaro.

Ao que parece, a bancada evangélica aprovou a nomeação. O porta-voz da FPE, Silas Câmara, disse que “não o conheço [pessoalmente]. Conheço o currículo dele. Já ouvi falar que é uma pessoa competente. É um bom nome”. O deputado federal evangélico Marco Feliciano (Republicanos-SP) disse que a escolha por Milton Ribeiro para o MEC não foi resultado da ação da bancada. “A escolha do Professor Milton Ribeiro para a pasta da Educação não teve interferência alguma da Frente Parlamentar Evangélica. Foi uma escolha do presidente Jair Bolsonaro que é o nosso timoneiro. Tenho certeza que o ministro contará com o apoio de todos que confiam no presidente”, escreveu.

Tudo indica que, embora seja uma vitória da bancada evangélica, vale lembrar que Milton Ribeiro é presbiteriano (Igreja Presbiteriana do Brasil) e há tensões entre os neopentecostais e calvinistas; alguns parlamentares da bancada evangélica dizem não conhecer o novo titular do MEC e veem com cautela a indicação, segundo reportagem do Valor Econômico. Na mesma matéria, o nome do Ministro da Justiça, e também pastor presbiteriano, André Mendonça, é tido como um grande conselheiro do governo Bolsonaro e responsável pela indicação de Milton Ribeiro ao MEC.

Há toda uma pressão para que Milton Ribeiro “limpe” a pasta da Educação, ou como disse o deputado Sóstenes Cavalcante, uma das principais lideranças da bancada evangélica, “retire a educação dos últimos lugares que a esquerda deixou”, embora acredite que “os presbiterianos são os mais progressistas entre os evangélicos”; como Ribeiro vem do Mackenzie, Sóstenes fica com “um pé atrás”. Os nomes que estão na mira de cortes do MEC são: Ilona Becskeházy, Antonio Vogel e Wagner Vilas Boas. O pastor Silas Malafia gravou um vídeo em seu canal no Youtube sobre o discurso de posse de Milton Ribeiro. O novo ministro disse que enquanto estiver a frente do MEC buscará um “grande diálogo” com “acadêmicos e educadores”. Para Malafaia, todos os educadores e acadêmicos fazem parte do projeto de “ideologização da educação” dos 14 anos do PT no poder e, por isso, são “esquerdopatas” e não há diálogo.

Uma série de vídeos de discursos de Milton Ribeiro tem gerado polêmicas sobre o novo ministro. Em um deles, já apagado do Youtube, o pastor presbiteriano defende o castigo físico infantil que provoque dor nas crianças, contrariado a lei Lei 13.010/2014. Em outro, ele contraria apoiadores evangélicos bolsonaristas ao criticar a chamada Teologia da Prosperidade, defendida por Edir Macedo, Silas Malafaia, RR Soares, Valdemiro Santiago, Marco Feliciano entre outros.

Para o teólogo José Barbosa Junior, o novo ministro da Educação é a face oculta dos fundamentalistas. Segundo o teólogo, o bolsonarismo também encontra apoiadores entre os fundamentalistas calvinistas que, diferentemente dos neopentecostais, que costumam se expor mais, aqueles seriam mais recatados. Por detrás de uma face acadêmica, os fundamentalistas calvinistas também apoiam projetos conservadores e o atual governo.  “Pentecostais e neopentecostais podem constituir uma base de apoio importante para o bolsonarismo, mas o núcleo ideológico de defesa do projeto cristofascista se encontra no neocalvinismo à brasileira, em especial presbiterianos e batistas”, diz Zózimo Trabuco, professor de História da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e especialista na relação entre política e religião.

 

Fundamentalismo e Teologia da Prosperidade

A antropóloga Adriana Dias, doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), tem pesquisado os altos índices de crescimento de grupos neonazistas no país. Para especialistas, as ações de Bolsonaro influenciam esse aumento. Segundo a pesquisadora, cerca de 7 mil pessoas estão engajadas em grupos/células desta ideologia. São Paulo é o estado com mais atividades neonazistas com 102 células, três a mais do que no fim do ano passado. No estado do Paraná, o número vem aumentando e os novos membros estão ligados ao meio rural e às igrejas evangélicas fundamentalistas.

Mesmo após ter reaberto os templos da Igreja Mundial do Poder de Deus em meio à quarentena, o pregador Valdemiro Santiago continua sofrendo com a crise econômica. Nas suas pregações, o pastor também tem feito um apelo aos seus fiéis. Ele pede que seja realizado um “sacrifício extra” e que as pessoas doem mais que o dízimo nestes tempos de pandemia.

A Frente Evangélica Parlamentar se reuniu com relator da reforma tributária, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), para ajudar a “deixar mais clara na Constituição” a imunidade tributária das igrejas e evitar cobranças de impostos pelo Fisco.

 

Governo Bolsonaro

Há um debate no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre punição ao abuso de poder religioso em relação às eleições. A ala evangélica está se opondo bravamente. A proposta do ministro Edson Fachin gerou discussão entre o exercício da liberdade religiosa e a proteção da liberdade do voto. Os evangélicos têm se articulado e buscam aliados como os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para tentar barrar a punição a religiosos, pois o projeto incluiria o abuso do poder religioso como motivo para a cassação de políticos.

A revista Veja traz uma matéria sobre os três pastores do governo Bolsonaro: Damares Alves, André Mendonça e Milton Ribeiro, apontando que o presidente deu ministérios a diferentes alas evangélicas para garantir apoio ao governo nas próximas eleições, além de fortalecer sua base evangélica.

Em entrevista ao Estadão, o pastor Silas Malafaia afirma que seria um estúpido se concordasse com tudo o que o presidente Jair Bolsonaro prega. Crítico dos decretos que determinaram o fechamento de igrejas para evitar aglomerações, o líder religioso ressalta que evangélicos não devem ignorar a ciência. A entrevista mostra as contradições no meio evangélico a respeito do presidente.

Segundo reportagem da Agência Pública, o governo patrocinou propaganda da reforma da Previdência em canais infantis, religiosos e investigados pela Justiça. Canais religiosos receberam mais de R$ 3 milhões do governo para veicular propaganda sobre a reforma e as apresentaram mais de 285 mil vezes.

O deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) tem articulado para ser o candidato de Jair Bolsonaro para a presidência da Câmara dos Deputados. Pereira tem como padrinho político o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo. Já o líder da “bancada da bala”, o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP), lançou seu próprio nome como candidato à sucessão de Rodrigo Maia.

 

Covid-19

Virtual ou pessoalmente, evangélicos mantêm cultos em São Paulo durante pandemia. Com a proibição de aglomerações devido ao isolamento, os locais de culto precisaram se adaptar. Em São Paulo, as igrejas evangélicas apostaram na tecnologia e agora, no retorno às atividades, se acostumam com as novas medidas. Um fiel evangélico disse que a “pandemia para quem é crente não existe, basta crer que o senhor é seu salvador […] se você tem ele para que se preocupar?”

Enquanto isso, igrejas perdem pastores e padres para Covid-19 e divergem sobre estratégias de reabertura. Dezenas de pastores da igreja evangélica Assembleia de Deus, alguns deles presidentes da denominação em cidades do Paraná, Mato Grosso e Ceará, e pelo menos 14 padres católicos morreram nos últimos meses por complicações da Covid-19. Infectado com Covid-19, Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) ficou 11 dias na UTI e disse que pensou em gravar vídeo de adeus para a família. Porém, segundo reportagem da Folha de São Paulo, o deputado continua a endossar a tese bolsonarista de que a cloroquina deve ser tomada no início do tratamento, e que o isolamento social deve acabar.

O líder da bancada evangélica na Câmara, Silas Câmara, diz que os deputados da bancada devem votar para manter o veto de Bolsonaro ao trecho que obrigaria o uso de máscaras em igrejas, cuja obrigatoriedade teria que ser apenas nos estados mais críticos. Em tempos de pandemia, o interesse por igrejas abertas também perpassa por interesses políticos em ano eleitoral, visto que políticos costumam ganhar votos com visitas a templos e o famoso voto de cajado.

 

Racismo e intolerância religiosa

Na região metropolitana de Curitiba (PR), em Colombo, um terreiro de Candomblé foi alvo de vandalismo, intolerância religiosa e sofreu ataque racista. A casa também teve a fachada pichada com a frase “Deus é maior”. Os vândalos ainda jogaram uma bíblia e uma garrafa pet com mensagens de ódio: “seu lugar é na a senzala, escravo do diabo”, “o sangue de Jesus tem poder”, “pecador, vai embora”, entre outras. Um boletim de ocorrência foi feito pela Polícia Militar e o caso é investigado.

Wagner Carneiro, o Waguinho (MDB), prefeito de Belford Roxo e membro da Igreja de Nova Vida, na baixada fluminense, é investigado por intolerância religiosa pelo Ministério Público Federal. Cerca de 30 minutos após uma discordância com o eletricista Wanderson Fernandes sobre as políticas adotadas na prefeitura, Waguinho teria ordenado que funcionários municipais quebrassem a calçada do terreiro de candomblé Ilê Axé Obá Aganju Otum Nilê, no bairro Jardim Bom Pastor. O caso foi registrado na 54ª DP.

Antes mesmo de ser inaugurado, o santuário em homenagem a Zé Pelintra foi alvo de pichações e vandalismo no bairro da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro. O Espaço estava sendo preparado por fiéis para receber uma imagem de Exú; frases intimidadoras foram escritas ao lado de pichações. Ao lado de uma pintura de Exú foi desenhada uma imagem de Jesus Cristo crucificado. Um grupo de 20 fiéis envolvidos diretamente no processo de revitalização do espaço realizaram uma denúncia online junto à Polícia Civil. O local segue pichado. O caso será investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

Na Zona Norte do Rio de Janeiro traficantes criam o “Complexo de Israel”, dominando cinco favelas na região. Peixão é o líder que se intitula como Arão, irmão de Moisés na Bíblia. A quadrilha, nomeada “Tropa de Arão”, é suspeita de desaparecer com moradores e de impor a religião evangélica. A simbologia religiosa pode ser vista também em páginas na internet e nos muros da região. “Peixão responde na Justiça por um ataque a um terreiro de candomblé, em abril de 2019, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O templo ficou destruído. O babalorixá e os filhos de santo foram expulsos da casa. No muro, os criminosos deixaram uma mensagem: “Jesus é o dono do lugar.”

Líderes de torcidas organizadas e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) realizaram um ato inter-religioso no dia 12 de julho, na Praça da Sé, no centro de São Paulo. Cerca de 300 pessoas participaram da manifestação que seguiu de forma tranquila e contou com discursos de líderes religiosos e de movimentos sindicais. Entre os religiosos, falaram o Pastor Ariovaldo Ramos, um dos fundadores da Frente de Evangélicos Pelo Estado de Direito, e o líder mulçumano Sheikh Rodrigo Jalloul.

 

Gênero

Esse mês a cantora gospel Cassiane lançou um novo videoclipe intitulado “A Voz”. No enredo do clip, uma mulher sofre inúmeras violências do marido, inclusive física. Ao sair de casa, deixa um bilhete dentro de uma Bíblia pedindo para que ele “reconheça a voz de Deus” e avisa que o perdoou. O videoclip não trazia nenhuma menção de denúncia a autoridades policiais ou à Central de Atendimento à Mulher (180). Após repercussão negativa (40 mil deslikes no Youtube), a cantora se manifestou sobre o assunto; uma nova parte foi acrescentada no vídeo, mostrando a denúncia e o marido sendo preso.

Sâmia Bonfim, do PSOL, anunciou a pastora trans Alexya Salvador (Igreja Comunidade Metropolitana) como pré-candidata a vice-prefeita de São Paulo. Diversas reações contrárias à candidatura foram expostas nas redes sociais; evangélicos atacaram a pastora após o anúncio.

A jovem evangélica Jéssica Arruda fez um vídeo sobre o curso de noivos da Igreja Adventista do Sétimo Dia, alertando para conteúdos machistas que colocam a mulher em uma relação hierárquica com seu companheiro; Arruda acredita que o curso minimiza o abuso e a violência doméstica. Em nota, a Igreja Adventista do Sétimo Dia disse que “está reavaliando a redação de partes de um dos seus guias para noivos. E está sempre aberta a considerações sobre os materiais que produz”. Porém, afirmam que a leitura isolada do material pode causar interpretações equivocadas.

 

Contra narrativas

No dia 5 de julho, evangélicos lançaram a Bancada Evangélica Popular, com a proposta de divulgar uma nova perspectiva de participação dos evangélicos na política, mostrando que este setor é um grupo heterogêneo e que nem todo evangélico é apoiador do Bolsonaro. A Bancada Evangélica Popular é mais direcionada aos movimentos sociais e a luta pelos Direitos Humanos. Para a nova bancada, ser de esquerda é estar mais próximo aos ideários sacralizados na Bíblia. A pastora Eliad Dias afirma que um dos objetivos é contrapor os religiosos conservadores. “O projeto político da atual bancada evangélica é de poder, de impor o que acreditam. A teocracia não faz parte do nosso projeto, de jeito nenhum. O estado é laico”, explica.

A pastora evangélica Kátia, mãe do ativista negro Wesley Teixeira, pregou em sua igreja no Morro do Sapo, em Duque de Caxias (RJ), contra o racismo no caso do menino Miguel. O discurso viralizou nas redes sociais.

A deputada estadual evangélica Mônica Francisco (PSOL) propôs um Projeto de Lei que pede o tombamento do Terreiro de Joãozinho da Goméia, localizado em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. “É preciso que todos compreendam que preservar a história é fundamental para o enriquecimento cultural, a valorização e o reconhecimento das práticas religiosas do Candomblé, assim como para demarcar as lutas e a resistência da população negra. O Terreiro de Joãozinho da Goméia deve ser reconhecido como espaço de memória afetiva, de afirmação identitária e de disseminação da cultura afro-brasileira”, afirmou Mônica.

Em entrevista, o pastor da Igreja Batista do Caminho, Henrique Vieira, disse que o “Jesus apresentado na Bíblia nada tem a ver com fundamentalismos, Deus sofre com a humanidade.” Vieira coloca a luta antirracista no centro do compromisso cristão e diz que existem muitas formas do racismo “tirar o oxigênio da alegria do coração do negro”. Segundo o religioso, como o racismo é algo estrutural, não discuti-lo significa reproduzi-lo.

Jornalistas criaram o coletivo Bereia para checar informações em espaços de mídias religiosas. A equipe do Bereia acompanha, diariamente, material publicado em mídias de notícias cristãs e conteúdos desinformativos que viralizam em mídias sociais de grupos religiosos. Em entrevista, a fundadora Magali Cunha afirmou que “a organização Paz e Esperança, preocupada com a intensa propagação de conteúdos caracterizados como desinformação (mentiras, material enganoso, impreciso e inconclusivo) em espaços de mídias religiosas, tomou a iniciativa de articular jornalistas evangélicos para o desenvolvimento de uma ação específica. O grupo se reuniu e criou o Coletivo Bereia.”