Colégio estadual em Santa Maria da oferta curso de Libras e intensivão para o ENEM on-line. Foto: Romeu Escanhoela/FotosPublicas

 

Principais notícias que afetaram a juventude no mês de junho de 2021

N° 02/2021

Nacional

. Juventude negra quer viver!

. Segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, 75% dos mortos pelo Estado em 2020 eram negros, e 68% tinham menos de 25 anos. O genocídio da juventude negra de periferia segue sendo denunciado pelos movimentos negros.

Educação, Enem e ensino domiciliar

. Uma pesquisa do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) revelou que 8 em cada 10 jovens não prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 e 45% não pretendem fazer este ano.

. Ainda sobre o Enem, a presidenta do Conselho Nacional de Educação o considera “ultrapassado” e propõe reformulações  a curto e longo prazo , entre elas provas online e mais de uma vez ao ano.

. Mais de 400 entidades de educação assinaram manifesto contra ensino domiciliar, também conhecido como homeschooling. A proposta está tramitando na Câmara dos Deputados e propõe uma alteração no Código Penal, para que pais que oferecem educação em casa aos filhos não sejam acusados de abandono intelectual. As entidades contrárias à mudança, bem como os profissionais de educação, defendem que os problemas enfrentados pela educação no país devem ser solucionados com expansão democrática da educação integral, e não com a regulamentação elitista do homeschooling.

. No Rio Grande do Sul, um Projeto de Lei sobre a educação domiciliar no estado foi aprovado pela Assembleia Legislativa. Diversas entidades contrárias ao PL 170/2019 assinaram um manifesto solicitando que o governador vete a proposta, em defesa da educação continuada no ambiente escolar, que promove o encontro, a sociabilidade e o convívio com a diversidade.

. O Racismo Estrutural está presente na educação. Levantamento feito pela GEMAA (boletim número 9) aponta que entre as 20 escolas mais bem colocadas no Enem de 2019  apenas uma não é privada, e na maioria não chega a 10% a presença de alunos autodeclarados negros.

. A partir dos resultados do Censo Escolar de 2020, que demostrou redução significativa das matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) – 8,3%, e uma elevada taxa de adultos (pessoas acima de 25 anos) – 69,5%, que não concluíram o ensino médio, a CNI propõe uma reformulação do EJA, com 80% de aulas online e podendo ser concluído em um ano.

Desemprego segue crescendo entre jovens

. A mesma pesquisa do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) traz dados do crescente desemprego entre os jovens, como já viemos registrando nos boletins anteriores. É especialmente preocupante o aumento do número de jovens que não estudam nem trabalham, que somavam 10% na pesquisa realizada em 2020 também pelo Conjuve e que agora chegam a 16%.

. O ministro da Economia, Paulo Guedes, promete lançar em breve um programa que visa articular a “capacitação” e “primeiro emprego” dos jovens no Brasil. Segundo ele, o projeto ainda não foi lançado por “questões orçamentárias”. A proposta é que o governo e empresas (empregadoras) dividam a “ajuda de custo” de R$ 600 durante um ano. Nesse período o jovem trabalha na empresa enquanto recebe treinamento técnico.

. A taxa de desocupação no Brasil registrada no primeiro trimestre de 2021 (14,7%,) tende a agravar a situação de precarização nas relações laborais.  Isso se deve a trabalhadores que voltaram a procurar emprego este ano, mas não encontram ocupação, pressionando ainda mais o frágil mercado de trabalho brasileiro. Das 14 milhões de pessoas desempregadas, 3,5 milhões estão procurando emprego há mais de 2 anos.

. Quase metade dos jovens (pessoas até 29 anos) querem deixar o país em busca de vida melhor. A falta de perspectiva afeta a juventude, que não projeta um futuro a partir da realidade que encontra no mercado de trabalho.

Saúde: ansiedade e exaustão

. A pesquisa do Conjunve também investigou os impactos da pandemia na saúde mental dos jovens, e indica que 61% dos entrevistados relataram sentir ansiedade e 51% estão exaustos.

. Outra pesquisa que também foi lançada neste mês, conduzida pela Fundação Getúlio Vargas, confirmou o que temos visto no nosso cotidiano: que os jovens brasileiros estão mais tristes, mais preocupados e mais pobres.

Entregadores de aplicativo: precarização, vacinação e auto-organização

. O drama das famílias que, desde antes da pandemia, com o aumento do desemprego, era “ou come ou paga o aluguel”, agora tem uma nova versão: “ou come ou paga a internet”. Esse é o resumo da situação de precariedade, perigo e instabilidade que atinge os entregadores de aplicativo. Eles precisam de uma boa conexão de dados cujo valor, muitas vezes, compromete quase o equivalente da renda destinada ao pagamento do aluguel.

. Um dos caminhos para combater a precarização é a auto-organização. Em Curitiba, os entregadores de aplicativo criaram uma cooperativa e, em parceria com a CUT, criaram uma plataforma própria: o SafeDelivery. Com isso, o lucro gerado é revertido diretamente para os cooperados, sem a mediação das plataformas hegemônicas no mercado, como a Rappi, o Ifood e o Uber Eats.

. Sabemos que boa parte dos entregadores de aplicativo é jovem. Só agora, com muito atraso, a Câmara dos Deputados incluiu os entregadores de aplicativos como grupos prioritários de vacinação. O PL 1011/20, que também inclui as empregadas domésticas prioridade, segue agora para votação no Senado.

. No Rio de Janeiro, o projeto de lei do vereador Tarcísio Motta, do PSOL, obriga as empresas de aplicativo de entregas e de transporte individual privado de passageiros a manter pontos de apoio para seus colaboradores. O PL foi discutido em audiência pública sobre a situação dos entregadores e motoristas de aplicativos no início do mês. No final da audiência, trabalhadores organizaram um ato na Cinelândia.

 

Nota de solidariedade

Nosso Observatório se solidariza com todas as pessoas que perderam familiares e amizades no mês de junho para a covid-19.