Revista Estudos do Sul Global | Crise do capitalismo e os desafios da classe trabalhadora
A 5° edição da Resg debate a crise global do capitalismo e os desafios da classe trabalhadora. Este volume é o primeiro de quatro edições que pretende refletir sobre a necessidade de compreender a crise do capitalismo e as transformações que ela implica nos diversos âmbitos da sociedade.
O mundo está vivendo um profundo processo de transformação e de reorganização do capitalismo global, marcado pelo deslocamento das capacidades industriais, científicas e tecnológicas desde o velho norte desenvolvido para o novo sul emergente e, simultaneamente, desde ocidente para oriente, tendo como epicentro a China, e junto com ela, grande parte da Ásia e do sudeste asiático. O fortalecimento da ultradireita em âmbito mundial é uma expressão social e política da crise do modo de produção capitalista que estamos vivendo atualmente, sobretudo com a ameaça da hegemonia mundial unipolar estadunidense. Além disso, o aumento da desigualdade, tanto entre países quanto no interior deles, é algo marcante em nossa época. Esse cenário atual é fruto de um processo de transformação do capitalismo que remonta à segunda metade do século XX.
Diante da necessidade de compreendermos a crise do capitalismo global e as transformações que ela implica nos diversos âmbitos da sociedade, a Revista Estudos do Sul Global (Resg) abre uma série de edições para a reflexão em torno das Mudanças do capitalismo global no século XXI.
E a quinta edição da Resg já está no ar, ao debater a Crise global do capitalismo e os desafios da classe trabalhadora. A revista inicia com uma entrevista do intelectual e militante argentino Claudio Katz, que traça reflexões precisas sobre as transformações econômicas, políticas e sociais dos últimos 20 anos na América Latina, ressaltando a necessidade de as compreendermos sempre a partir das particularidades históricas e sociais dos diferentes países do continente. Com relação ao avanço da extrema direita na região, Katz analisa que ela tem uma estreita relação com a desilusão com os governos progressistas, ao conseguir canalizar a insatisfação popular para o um projeto autoritário e que aprofunda ainda mais a dependência dos países.
Este número conta também com sete artigos que abordam diferentes aspectos das transformações do capitalismo atual. César Bolaño apresenta reflexões sobre os desafios da classe trabalhadora a partir das contribuições teóricas de Alfred Sohn-Rethel sobretudo com relação aos aspectos subjetivos dos sujeitos revolucionários.
Tica Moreno e Luiz Zarref tratam do tema das Big Techs e da inteligência artificial numa perspectiva de análise geopolítica e das contradições entre o Norte e o Sul Global, sobretudo na disputa entre EUA e China. Tahirá Endo Gonzaga busca compreender os desafios de Angola a partir das contribuições de Samir Amin em relação às formações sociais africanas e a contradição centro-periferia.
Com relação às transformações no mundo do trabalho, Edvânia Ângela de Souza e Isabella Antoniazzi de Barros Galvão analisam a contradição entre os avanços tecnológicos da 4ª Revolução Industrial e a população em situação de rua, numa perspectiva de que os avanços das forças produtivas dentro da lógica do capital apenas agravam a situação de vida das classes trabalhadoras com uma precarização do trabalho cada vez maior. Thais Soares Caramuru sistematiza uma breve crítica à situação da classe trabalhadora brasileira no século XXI, explicitando os principais elementos que intensificam a produção da redundância dos trabalhadores perante o capital na atual conjuntura da luta de classes. Débora de Araújo Costa discute a evolução das relações de trabalho no capitalismo, destacando como os direitos sociais, inicialmente conquistados no contexto do fordismo, foram progressivamente atacados com o advento da acumulação flexível.
Por fim, Ary Miranda coloca em perspectiva histórica as transformações do mundo do trabalho no Brasil, buscando compreender como as novas formas de exploração e acumulação do capital apresentam novos desafios à classe trabalhadora.
Com este número da RESG, esperamos contribuir para entendermos melhor a nossa realidade em seus aspectos econômicos, políticos e sociais, na perspectiva de fortalecer a organização das classes trabalhadoras no enfrentamento das forças do capital e na construção de uma sociedade que não esteja baseada na exploração dos seres humanos.
Boa leitura.