O escritório Brasil do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social selecionou quatro projetos de pesquisa que analisarão com maior profundidade as mudanças globais na economia e na política e seus impactos sobre a classe trabalhadora, sobretudo nos países do Sul Global.

As pesquisas selecionadas farão parte do Observatório do Capitalismo Contemporâneo, um dos eixos de pesquisa do escritório Brasil do Tricontinental.

Dois dos quatro artigos premiados serão realizados por meio de uma pesquisa coletiva, e os outros dois de forma individual.

As pesquisadoras Mariana Davi Ferreira, Nataly Santiago Guilmo e Walisson Rodrigues de Almeida se debruçarão sobre Os impactos da desindustrialização, reprimarização e financeirização na estrutura produtiva no Sul Global e as alternativas a esse modelo, ao analisarem o processo de privatização das empresas estatais brasileiras entre os anos de 2015 a 2022, e como essas mudanças se relacionam com os interesses das frações burguesas na luta política, além dos impactos do desmonte no desenvolvimento econômico nacional.

Já os pesquisadores Lutty Guilherme Fortes, Rafael Queiroz Alves e Leonardo Augusto Franco farão uma investigação sobre A questão da reprimarização entre os Brics: uma análise dependentista e contra-eurocêntrica. Eles buscarão explicar o problema da reprimarização da economia do Brasil, Rússia e África do Sul, três dos cinco países que compõem o chamado BRICS, junto à China e Índia. Eles acreditam que a reinserção na cadeia produtiva global destes três países foi determinada pela crise financeira global de 2008, sendo que estes três países não possuem uma classe hegemônica no bloco no poder para realizar articulações estatais e complexificar suas economias para desenvolver suas forças produtivas.

Júlia Carla Duarte Cavalcante, por sua vez, foi selecionada com o projeto de pesquisa Entre sindicatos no campo e movimentos sociais de luta pela terra: um balanço das greves rurais no século XXI desde o capitalismo dependente brasileiro. Cavalcanti se propõe a retomar aspectos que se referem à determinação do panorama sindical rural brasileiro e da forma de dominação burguesa no cenário do campo, além de suas repercussões na atualidade, especialmente na correlação com os movimentos sociais. Para isso, ela investigará as experiências de greve rural no Brasil ocorridas ao longo do século 21.

Por fim, Felipe Gomes Mano pesquisará A superexploração como regra: organização coletiva e cooperativismo de plataformas como melhoria das condições de trabalho dos motoristas por aplicativos. Ele terá como caso concreta a experiência realizada na cidade de Araraquara (SP), com a criação de uma cooperativa entre os motoristas por aplicativos desvinculado das grandes plataformas, no intuito de garantir melhor remuneração aos trabalhadores. Com isso, ele estudará em que medida tal proposta contribui, enquanto rearranjo da classe trabalhadora, para a superação do quadro de superexploração da força de trabalho na categoria.

Os quatro projetos selecionados realizarão suas pesquisas entre os meses de novembro a fevereiro de 2023. Após levantamento de dados, sistematização de análises e participação em encontros e seminários, os selecionados também irão apresentar um relatório final dos trabalhos desenvolvidos.