O novo presidente eleito da Argentina, Javier Milei, não resolverá a espiral econômica descendente do país. As suas propostas consistem em políticas neoliberais testadas e fracassadas que têm atormentado o mundo nas últimas décadas. No entanto, debater Milei sobre esta ou aquela política tira de foco o que está por trás de sua ascendência. Tal como a extrema-direita no Brasil, Índia e EUA, Milei atraiu grandes setores da população com o seu estilo ousado, prometendo pegar o país pela garganta e fazê-lo apresentar soluções.
A União Internacional de Editoras de Esquerda lança Ruth First: escritos Selecionados no Dia Internacional das Trabalhadoras e Trabalhadores de 2023, um esforço de 25 editoras em mais de 17 idiomas. A coletânea reúne cinco ensaios entusiasmantes sobre tópicos diversos, como a histórica Marcha das Mulheres de 1956; o funcionamento do Estado do apartheid e a história da luta armada contra ele, e tem como introdução um ensaio sobre a vida e o legado de First, escrito pela militante trabalhista Vashna Jagarnath.
O mundo em depressão econômica: uma análise marxista da crise
A desigualdade que o capitalismo inevitavelmente produz criou um mundo em que os 2.153 bilionários mais ricos têm mais riqueza do que os 4,6 bilhões de pessoas mais pobres, que representam 60% da população do planeta. Essas tendências persistem há anos, na verdade há décadas, entrelaçadas pelas leis do capitalismo em crise.
A tarefa de explicar a crise e compreender as suas leis fundamentais é necessária para ir além das manifestações superficiais e descobrir a essência de todo o processo. Assim, podemos iluminar o caminho a seguir para a classe trabalhadora mundial; explicações incorretas só podem enganar as massas e prejudicar as suas lutas.
Vinte e cinco anos após a primeira “onda rosa” na América Latina e Caribe, o continente parece respirar novamente ao reviver uma nova “onda progressista”, após o avanço da extrema-direita na região nos últimos anos. Porém, este novo momento se depara com um cenário distinto de sua primeira emergência. Este dossiê busca refletir sobre os desafios, limites e contradições deste novo cenário.
MST 40 anos Chamada para artistas
Para celebrar as quatro décadas de fundação do MST, diversas organizações estão convocando artistas do mundo inteiro para participar da chamada de arte MST 40 anos. A ideia é convidar artistas populares para se somarem a este processo místico e simbólico de festa e refletir coletivamente – por meio da arte – a história e os atuais desafios da luta pela terra.
As relações entre a China e a África na era da Nova Rota da Seda
O terceiro número da edição internacional de Wenhua Zongheng (文化纵横) explora a relação entre a China e a África na era da Nova Rota da Seda. Os artigos deste número analisam a longa busca da África por industrialização e avaliam como a China pode contribuir para o desenvolvimento industrial do continente.
Apesar de rico em recursos naturais e minerais, prevê-se que a economia do Paquistão cresça apenas 0,5% em 2023. Esta contração sem precedentes fará com que os pobres fiquem cada vez mais pobres. Para compreender as crises no país, desde as convulsões políticas às catástrofes naturais, e os obstáculos estruturais ao desenvolvimento social, é urgentemente necessário analisar a forma como as políticas do Fundo Monetário Internacional estão minando sua independência econômica. O Paquistão não é de forma alguma um caso fora do comum; apenas ilustra o modelo geral do FMI para todas as economias, sejam elas grandes ou pequenas, com pouco interesse se as suas ações transformarem uma recessão cíclica numa depressão.
O dossiê n. 68 analisa o golpe de 1973 contra o Chile e seus efeitos sobre o Terceiro Mundo e os países não alinhados. A política do governo de Allende de nacionalizar o cobre impulsionou o golpe, mas tal política fazia parte de um debate mais amplo no Terceiro Mundo sobre a criação de uma Nova Ordem Econômica Internacional (NOEI) que reestruturasse o sistema econômico internacional neocolonial de forma democrática e desse peso às ideias e aos povos do Terceiro Mundo. Nesse sentido, o golpe contra o Chile impulsionado pelos EUA foi precisamente um golpe contra o Terceiro Mundo.
Este dossiê analisa o papel da Teoria Marxista da Dependência na atualidade enquanto uma importante ferramenta científica para entender os processos de desenvolvimento e subdesenvolvimento, as atuais tendências antidemocráticas e fascistas e as perspectivas de emancipação dos países do Sul Global.
Ao longo do século passado, houve grandes mudanças nos debates e nas teorias sobre a questão do desenvolvimento. No pós-guerra, essa evolução pode ser dividida em quatro eras: a era da teoria da modernização, a era da Nova Ordem Econômica Internacional, a era da globalização neoliberal e a atual era de transição após a crise financeira de 2007-2008. Este dossiê examina o pensamento histórico e atual sobre o desenvolvimento e oferece um esboço para uma nova teoria socialista do desenvolvimento.
Os debates em torno da terra como recurso estratégico na Argentina, garantindo enraizamento, boas condições de vida e produção destinada ao abastecimento da população local, acontecem em um contexto em que todos os esforços são direcionados para a exportação da maior parte da produção agrícola e no qual cresce a concentração da terra , deixando como consequência direta o crescente êxodo rural, a altíssima concentração da população urbana e grandes dificuldades em garantir alimentos para as populações.
Este dossiê oferece uma ampla análise das condições de vida e trabalho da grande e diversa classe trabalhadora indiana. A grande maioria dos/as trabalhadores/as ganha mal e enfrenta terríveis condições de vida. Além disso, encontram-se no setor informal, no qual as taxas de sindicalização são historicamente baixas. Na era neoliberal, as empresas têm exigido “flexibilização do mercado de trabalho”, alegando que isso ajudaria a atrair investimento externo e gerar crescimento econômico. Para superar a resistência dos sindicatos contra tais “reformas”, que tornam os empregos ainda mais inseguros, o governo tem mudado as leis. Mas os/as trabalhadores/as não se renderam ao crescente poder do capital.
O continente africano tem lutado por décadas com níveis de dívida extremamente altos e impagáveis. A crise permanente da dívida que os assedia não resultou de falhas de mercado de curto prazo ou de ciclos de negócios que se recuperarão, muito menos é uma consequência da má administração das finanças dos governos ou da corrupção profundamente enraizada nestes países. Na verdade, a crise da dívida baseia-se em uma importante análise feita pelo presidente da Burkina Faso, Thomas Sankara, que argumentou que “as origens da dívida vêm das origens do colonialismo” e, portanto, só pode ser confrontada com a criação de novas alternativas financeiras para além de um quadro neocolonial.
À medida que a velha “ordem internacional baseada em regras” liderada pelos EUA enfraquece, um novo projeto emergente visa recuperar o espírito da Carta das Nações Unidas de 1945. A luta entre esses dois sistemas está no centro das crescentes tensões e conflitos internacionais. Este dossiê, elaborado com o Centro de Pesquisa de Política Internacional de Cuba, oferece uma análise provisória das realidades e possibilidades do regionalismo para avançar em direção a uma nova ordem mundial mais democrática.
Do antineoliberalismo ao socialismo comunal, Hugo Chávez Frías construiu as bases do projeto bolivariano de forma que as mudanças democráticas realizadas transformassem as condições materiais das massas e lhes permitissem construir Estados independentes com homens e mulheres livres. Com avanços e retrocessos, os sonhos de independência econômica, soberania política e justiça social que o Comandante Chávez encarnava continuam presentes e se tornam ainda mais urgentes para a América Latina e o Caribe.
O quinto estudo da série Mulheres de luta, mulheres na luta traz para discussão a vida e as lutas políticas de Josie Mpama (1903–1979), uma líder na resistência contra a opressão colonial e o sistema de apartheid na África do Sul. Como figura central no Partido Comunista da África do Sul e na sociedade em geral, Josie nos ensina sobre a importância da base e da organização de massa. Como tantas mulheres envolvidas na política radical, particularmente no Sul Global, as extraordinárias contribuições políticas e perspicácia teórica de Josie foram negligenciadas e amplamente excluídas do registro histórico dominante.
Mudanças globais significativas surgiram desde a Grande Crise Financeira de 2008. Isso pode ser visto em uma nova fase do imperialismo e nas particularidades de oito contradições, resumidas em nosso último texto.
Esta publicação feita em parceria entre o Instituto Tricontinental e Alba Movimentos, inicia um caminho para recuperar a história de lutas, resistências, insurreições, e sonhos revolucionários que foram liderados por mulheres e pessoas LGBTQ+ em toda a região em diferentes épocas para encontrar as sementes dos feminismos populares latino-americanos que existem hoje. Selecionadas e produzidas por militantes feministas populares na América Latina e no Caribe, essas histórias continuam a nos inspirar até hoje.
Apesar de existir por apenas 40 anos, a República Democrática Alemã (RDA) foi capaz de construir um sistema de saúde fundamentalmente diferente que garantiu uma melhoria contínua da saúde da população. A RDA baseou-se em tradições médicas progressistas e relações de propriedade socialistas para eliminar o lucro da medicina e construir um sistema de saúde unitário que operasse em todos os setores da sociedade, desde bairros urbanos e vilas rurais até locais de trabalho e escolas.
Catástrofes de um tipo ou de outro irradiam da Ucrânia, incluindo uma inflação galopante e fora de controle. Áreas do mundo que não são parte direta do conflito estão sendo duramente atingidas por crescentes pressões econômicas, com a agitação política como consequência inevitável. Nesse contexto, o Peace and Justice Project, instituto de pesquisa liderado por Jeremy Corbyn, juntou-se ao Instituto Tricontinentalde Pesquisa Social e dois parceiros de mídia, Globetrotter e Morning Star, para produzir uma série de reflexões sobre o desdobramento dos conflitos em relação à conceitos de não-alinhamento e paz.
Estamos testemunhando uma perigosa escalada política, econômica e militar dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais contra a Rússia e a China. Washington procura impedir um processo histórico que parece inevitável, o processo de integração eurasiana, uma ameaça à primazia das elites euro-atlânticas. Para garantir a hegemonia global, os Estados Unidos estão comprometidos com a busca da primazia nuclear global e estão dispostos a usar qualquer meio para “enfraquecer” tanto a Rússia quanto a China – mesmo correndo o risco de destruir o planeta.
Este estudo explora como o Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde construiu um novo sistema de ensino durante a luta pela libertação nacional.
A lutadora popular equatoriana Nela Martínez (1912-2004) foi fundamental nas lutas da classe trabalhadora e das mulheres. Militante comunista e internacionalista, participou na formação da Federação Equatoriana de Índios e teve um papel central na insurreição A Gloriosa (1944). Membro do Comitê Central do Partido Comunista do Equador, liderou a criação de organizações de mulheres como a AFE e a URME. Sua biografia política entrelaça as lutas das mulheres com as lutas anticapitalistas, antifascistas, antirracistas e anti-imperialistas.
Em 25 de fevereiro de 2021, o governo chinês anunciou que a pobreza extrema havia sido abolida na China, um país de 1,4 bilhão de pessoas. Essa vitória histórica é o culminar de um processo de sete décadas que começou com a Revolução Chinesa de 1949. Este estudo analisa o processo pelo qual a China foi capaz de erradicar a pobreza extrema como uma etapa fundamental na construção do socialismo.
Em comemoração do 50º aniversário do golpe de Estado que interrompeu o projeto da Unidade Popular e em homenagem à vida e ao pensamento de Salvador Allende, a União Internacional de Editores de Esquerda (IULP) lança o livro Allende Governo Popular, que reúne o Programa da Unidade Popular, os principais discursos de Salvador Allende e uma carta que a histórica dirigente revolucionária chilena Gladys Marín escreveu no exílio. A edição, gratuita e aberta à distribuição, conta com um prólogo da poetisa mapuche Elicura Chihuailaf.
Os golpes militares no Níger e em outros países do Sahel representam setores marginalizados da população. Agora, a França e outros países ocidentais pressionam por uma intervenção militar no Níger, mas o povo grita “La France, dégage!” (“Fora França!”).
Em 1973, os trabalhadores da cidade industrial portuária de Durban iniciaram uma série de greves, marcando o fim de um período de relativa tranquilidade que se seguiu a uma tremenda repressão estatal. As greves iniciaram um processo de sindicalização que, em uma década, tornou-se a base de um movimento democrático de massas mais amplo que mobilizou milhões de pessoas em locais de trabalho, comunidades e instituições educacionais nas formas de contrapoder que derrubaram o apartheid. Este dossiê põe o foco nos trabalhadores cuja contribuição política acabou por ser decisiva.
Este dossiê apresenta uma síntese sobre o caminhar tortuoso da religião cristã na América Latina e o fundamentalismo em ascensão, desde seu surgimento nos EUA – e como ele serviu enquanto uma ferramenta de um projeto de poder imperialista – até a atual projeção nas políticas na região e suas principais bandeiras, como as pautas anti-gênero, anticomunista e antidemocráticas.
Em uma entrevista com R. Chandra, este dossiê discute o papel estratégico da pesquisa de campo militante na luta da Associação Democrática de Mulheres de Toda a Índia (AIDWA) contra a opressão de castas, o patriarcado e a exploração econômica. As pesquisas da AIDWA e as mobilizações que geraram aprofundaram a compreensão dos membros sobre a realidade da opressão de castas. Na pesquisa, os militantes encontraram uma ferramenta poderosa para fundamentar e sistematizar suas próprias experiências cotidianas, obter insights mais novos e mais amplos e entender a anatomia da opressão de gênero entre diferentes setores das mulheres.
O poder assimétrico entre o Norte e o Sul Global se expressa por meio de uma nova lógica de subordinação e periferização que não se refere exclusivamente ao intercâmbio desigual de mercadorias manufaturados versus bens primários como outrora, mas ao controle do próprio processo de realocação e integração assimétrica das diferentes regiões em Redes Globais de Produção dando lugar a diferenças distributivas substanciais, mesmo no quadro de processos de industrialização acelerada da periferia.